quinta-feira, junho 12, 2008

Em meio à História

Saímos bem cedo do hotel rumo as ruínas de Tiahuanacu. A van que nos pegou estava com poucas pessoas, já que as nossas colegas haviam optado por um outro passeio, desistindo do nosso de última hora. Pegamos a estrada e em pouco mais de uma hora chegamos no sítio arqueológico. A visita durou toda a manhã. No nosso grupo havia, além de mim e do Rodrigo, um chileno, um costarriquenho, uma checa e um brasileiro.

A civilização Tiahuanacu (Tiwanaku) iniciou-se em aproximadamente 1.500 a.C., tendo o seu ápice de 500 d.C. a 900 d.C., quando se passou à fase de decadência. Foi um grande poder regional do sul dos Andes por muitos anos. A cidade principal era localizada nas ruínas que visitamos (a 72 km de La Paz), onde tudo começou com uma pequena tribo. No ano de 1.200 d.C. a cidade foi abandonada por falta de comida devido a rigorosos períodos de seca que atingiu uma civilização já desestruturada.

A primeira parte do passeio foi em um museu, onde eles mostraram vários objetos arqueológicos escavados naquele local. O destaque eram as grandes estátuas esculpidas, sempre com um mesmo desenho de homem, além da cruz que representava os três níveis – os seres que viviam na terra, debaixo da terra e acima da terra. Eram adoradores dos condores, ave típica da Bolívia, e a sua imagem também era muito usada nos objetos esculpidos.

A segunda parte foi ao seu aberto. Visitamos uma pirâmide enorme que havia sido descoberta já há algum tempo. Mesmo assim, não pense que é igual a uma pirâmide tradicional do Egito. Por sua forma, e também por já não estar inteira, ela é bem baixinha. Para imaginarmos corretamente, podemos dizer que equivale apenas a base de uma pirâmide tradicional.

O vai e vem no sítio arqueológico foi tão cansativo quanto informativo. Tiahuanacu é uma civilização quase desconhecida por nós brasileiros e ao mesmo tempo tão perto do nosso país. O engraçado era a empolgação do nosso guia em nos contar a história do lugar. O problema é que a sua dicção não era das melhores. Nós entendíamos tudo, mas já para a checa, que precisava entender o seu inglês, não foi nada fácil. Ainda no início do passeio, a coitada desistiu de prestar atenção e seguiu por conta própria.

Havia arqueólogos trabalhando no local. Quando passamos por um campo onde eles estavam escavando, o guia nos avisou que não podíamos tirar foto. É claro que o aviso foi mais do que tentador para todos sacarem as câmaras, disfarçarem e registrarem o momento. Este foi mais um lugar onde eu senti um grande esforço físico por subir, descer e caminhar, tudo amplificado pelo o mal da altitude.

Depois do término de uma verdadeira aula de história boliviana, fomos todos almoçar em um restaurante lá mesmo nas ruínas. No cardápio, novamente, a deliciosa carne de llama. Em seguida, nos despedimos do local e pegamos a van de volta. No caminho fui conversando com o chileno, que estava sozinho visitando a Bolívia. Achei sensacional quando ele me contou que era torcedor do Universidad Católica, um time de futebol de Santiago, e que havia visto a final da Libertadores de 92, quando o São Paulo foi campeão justamente sobre o time chileno. Ele me contou que havia sido um momento marcante negativamente. Lembrei-me que na ocasião eu tinha dez anos e acompanhei com muita ansiedade aquela final. Nunca, naquela idade, imaginaria que um dia conheceria alguém que estava do outro lado, torcendo tão insistentemente para o time chileno como eu para o São Paulo.

Antes de chegar novamente a La Paz, passamos pela cidade de El Alto, vizinha a capital boliviana. Como o nome já diz, El Alto fica 400 metros acima de La Paz, a 4.000 mil metros acima do nível do mar. A cidade abriga o principal aeroporto do país e parece ser mais pobre que a capital. Para ir de El Alto a La Paz, temos que descer uma pequena serra. O motorista da van estacionou bem no alto para que pudéssemos descer e tirar fotos de La Paz vista por cima. Um verdadeiro espetáculo.

De volta a van, o meu estômago começou reclamar novamente. Percebi então que minha noite poderia não ser tão agradável como havia planejado. De volta ao hotel, a situação começou a piorar. Decidi não jantar com o restante do pessoal e pedi ao Rodrigo que me trouxesse um chá de coca.

Dentei na cama e fiquei um bom tempo torcendo para que melhorasse. Nesta ocasião, já tinha tomado os remédios que possuía na mochila. Fiquei esperando o chá, confiante que ele me faria tão bem como no dia anterior. Quando ele chegou, porém, o pior já havia passado e me sentia um pouco melhor.

Na verdade era um copão de chá. Quando fui beber, percebi que estava sem açúcar. Fiquei imaginando como havia me metido naquela situação e, ao mesmo tempo, criando coragem para tomar o chá amargo. No início foi bem ruim, mas ao final já estava me acostumando. Acho que foi a situação, mas acabei tão entrosado com o chá sem açúcar que acabei tomando em outras ocasiões sem reclamar. A noite foi bem difícil, e a minha maior preocupação era porque logo de manhã deixaríamos La Paz rumo ao Lago Titicaca.

Mapa do Caminho - Dia 9

Data: 12/06/2007
Cidade: La Paz, Bolívia
Passeio: Ruínas de Tiahuanacu

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