quarta-feira, junho 25, 2008

Andando por Lima Centro

O Peru possui diversas belezas naturais que hoje são exploradas pelo turismo. Contudo, o mais interessante em uma viagem pelo país é a comparação entre a população andina e o povo limeño. Nos altos dos Andes, os peruanos são quase na totalidade descendentes de índios e a maior parte leva uma vida financeiramente complicada pelas dificuldades econômicas da região. Já na capital, a população é caracterizada pelo biótipo europeu, com condições muito melhores por viverem em um grande centro urbano.

Miraflores é o grande exemplo da prosperidade limeña. Possui uma fileira imensa de prédios que acompanham o mar, na parte alta da cidade. Há também grandes avenidas, intenso comércio, grandes hotéis e pomposos cassinos. Isto mesmo, em Lima o jogo é uma atividade lucrativa e bem difundida. Por suas ruas, ‘cambiar’ dinheiro é uma profissão. Assim como em Goiânia há pessoas que ficam com um colete vendendo Sit-Pass (passe de ônibus), lá existem ‘cambistas’ que passam o dia trocando dinheiro a céu aberto.

Depois de uma noite de sono maior e um café da manhã tardio, saímos para andar pelo bairro. Diferentemente de todas as outras cidades que passamos, por lá não dá para visitar toda a cidade a pé, e para nos movermos a outras municipalidades é necessários utilizar os serviços de táxis ou ônibus (as vans também são bem populares).

Fomos almoçar no Media Naranja, o mesmo restaurante brasileiro onde havíamos comido no dia anterior, mas a garçonete nos informou, logo que entramos, que o restaurante estava sem feijão. Frustrados, saímos em busca de um outro lugar. Descemos até o Larcomar para comer e dar mais uma passada no shopping. O que mais de vinte dias longe de um grande centro não faz com a gente?

Voltamos ao albergue para descansar. Disputei um dos dois concorridos computadores no saguão e, pela primeira vez, reuni coragem para ligar o MSN. Vale lembrar que, naquela situação, o acessar do programa e a visualização dos meus contatos é inevitavelmente interpretado pelo cérebro como um começo de transição de volta à rotina. Estava com muita vontade de voltar para casa, mas sem entusiasmo para tornar a encarar o dia-a-dia.

Foi a partir daí que ocorreu uma confusão muito interessante entre nós quatro. Já era ponto passivo entre todos que iríamos visitar o centro de Lima. Para mim e mais uma pessoa o passeio seria naquela tarde, logo após o descanso pós-almoço. Para os outros dois só iríamos lá o dia seguinte. Isto estava tão certo na cabeça de cada um que nem discutimos. Eu deixei a Internet e comecei a conversar com o rapaz do hotel, perguntando qual era a melhor maneira de chegar lá, como fazer, qual linha de ônibus, se compensava pegar um táxi e etc..... Ele disse que com várias pessoas era melhor um táxi e continuou me explicando.

Nisto, os outros três apareceram prontos para sair e caminharam até a porta. Vendo a cena, fui ao encontro deles, ainda conversando com o peruano que me seguiu. Na porta do hotel, que dava para a av. Larco, o rapaz viu todos nós parados e pensou que estávamos pronto para irmos ao centro. Eu também imaginava isto.

O peruano não deu nem chance para qualquer reação, correu em direção à rua e parou um táxi. Eu e mais um entramos, enquanto os outros dois ficaram sem saber o que fazer. Só nesta hora que fui saber que eles iriam sair sim, mas para ir ao supermercado. O tempo era curto, porque o taxista estava fazendo fila dupla no trânsito. Não houve outro jeito a não ser todos nós partirmos para o centro.

O taxista saiu de Miraflores e logo pegou uma larga avenida, tipo uma marginal, e seguiu. Era umas quatro horas da tarde e o trânsito já começava a dar mostras de como se comportaria duas horas mais tarde. Lima Centro, o nome oficial da principal municipalidad de Lima, possui uma arquitetura muito européia, com suas praças grandes, palácios imponentes e catedrais enormes. O Centro Histórico de Lima é tombado como patrimônio histórico da humanidade desde 1988, pela Unesco.

Descemos na Plaza Mayor, local onde se situa o Palácio do Governo, sede do poder executivo peruano e residência oficial do presidente da República. O prédio é muito grande e toma toda a quadra. Possui um jardim médio e um gigantesco portão de ferro para impedir qualquer invasão. Assim como em Brasília, soldados uniformizados ficam à porta do Palácio o dia inteiro, sendo muito mais encarados como peças de ornamentação do que de segurança efetiva.

A praça é muito bonita. É o centro neurálgico da capital, fundada pelo conquistador Francisco Pizarro, em 1535. Durante os anos a praça foi utilizada para muitas funções. Já abrigou desde corridas de touros até execuções dos condenados à morte pelo Tribunal da Santa Inquisição. Também nesta praça ficam situados a Municipalidad de Lima e a Catedral.

Pegando uma rua paralela e andando praticamente um quarteirão chegamos a Plaza San Martín. Contemporânea, construída em 1921, a sua principal atração é um monumento em honra do general José de San Martín, decisivo na independência do país. Nesta praça também há varias construções histórias, tão importantes quanto belas. No centro histórico há vários calçadões que lembram um pouco São Paulo, com muito comércio e uma multidão andando de um lado para o outro.

O tempo passou rápido e quando começou a escurecer voltamos a Miraflores. Desta vez diversificamos e ao invés de descer a av. Larco até o mar, ou até o Larcomar, subimos até uma praça grande. Lá havia um McDonalds e, é claro, não poderíamos comemorar mais de vinte dias sem os prazeres das grandes cidades sem deixar marcas no mais famoso restaurante fast-food do mundo. Pedi um Quarteirão com Queijo, que lá se chama Cuarto de Libra con Quesso.

Na saída tive uma emoção intensa ao ver uma loja do Dunkin´ Donuts. Responsável pelas rosquinhas mais famosas do mundo, o Dunkin´ Donuts esteve presente durante muito tempo em Goiânia, quando eu virei freguês. Infelizmente, com o passar dos anos, o movimento decaiu e a loja fechou, não só na capital goiana como em todo o Brasil. Imagina como fiquei ao encontrar uma bem na minha frente, em Lima, há 4.500 km de casa?

Não deu outra, foi escala obrigatória depois do lanche. Não deixei a oportunidade escapar e comi várias rosquinhas (não pensem bobeira, hein? rs.). O local, na verdade, era um café muito agradável, com sofás, revistas e jornais. Uma das muitas surpresas que a capital dos peruanos ainda nos brindaria até a nossa partida de volta para casa.

Mapa do Caminho - Dia 22

Data: 25/06/2007
Cidade: Lima, Peru

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