quinta-feira, junho 19, 2008

Conhecendo a história dos Incas

Foi uma raridade, mas de manhã não tínhamos nada planejado para fazer e podíamos descansar até mais tarde. Eu, contudo, acordei cedo e aproveitei para ir a missa. Isto mesmo, a missa, a quatro mil quilômetros de casa e em plena segunda-feira. Além de agradecer a DEUS a viagem que estávamos tendo, também tinha muita curiosidade em assistir uma missa em outra língua, no caso em espanhol.

Informaram-me que há missas de hora em hora nas manhãs de segunda-feira. Desci a ladeira do nosso hotel até a Plaza de Armas, onde fica a catedral de Cuzco. Entrando lá, percebi que poderei contar mais um fator positivo em minha visita – a catedral por si só já valia a pena.

Sem economia de ouro nos mais variados detalhes e com dezenas de maravilhosos quadros e afrescos, a catedral possui uma grandeza única. Os seus enormes corredores e amplo espaço interno dão o toque de extrema seriedade e religiosidade.

Quando cheguei, imaginei que havia errado a hora, já que não havia quase ninguém, mas, aos poucos, foram chegando algumas pessoas. A missa ocorreu em um espaço pequeno, complementar, com poucos bancos. Por ser uma missa de meio de semana, não teve nenhum apetrecho para incrementar as orações, como orquestra ou cantos.

O padre entrou rápido e se apressou em começar a cerimônia. Percebi logo que a sua intenção era realizá-la o mais rápido possível. Em meia hora, já estávamos na benção final. Foi a missa mais rápida que já participei em toda a minha vida. Mesmo assim, valeu muito à pena, principalmente por observar as diferenças com as missas brasileiras. O “Pai Nosso” em espanhol, por exemplo, é muito diferente da versão em português.

Saí da catedral, dei uma enrolada pela praça para não chegar adiantado na reunião marcada na agência de turismo que nos levaria a Machu Pichu para conversar com o nosso futuro guia. Lá, encontrei com o restante do grupo já na porta, fomos todos para uma sala dentro da agência e esperamos um pouco até o Javier (nome fictício) entrar e se apresentar.

Javier era um guia jovem, não muito alto e nem muito forte. Tinha aparência indígena, como a grande maioria do povo andino, mas não com tanta intensidade do que o comum. Parecia que algo na sua cara o delatava, apontava que ele não era inteiramente dali. A sua voz também não tinha um sotaque 100% hispano-americano. Resumindo, Javier parecia ser apenas meio andino.

Mesmo assim, em todos os momentos, Javier se portou como um peruano legítimo. Tinha a mania de nos referir como ‘chicos’, mesmo não sendo muito mais velho que nós. Ele se aproximou, explicou como seria todo o passeio que havíamos contratado (um total de dois dias), esclareceu nossas dúvidas e se despediu. Se a reunião demorou vinte minutos foi muito.

Já que tínhamos planejado gastar mais tempo lá, saímos da agência e fomos aproveitar o ‘tempo extra’ indo até a praça para trocar dinheiro, descarregar máquinas fotográficas e procurar lembranças nas diversas lojas que havia ali. Logo fomos almoçar, já que no início da tarde tínhamos o city-tour, que prometia não só ser um passeio pela cidade mas, principalmente, uma visita às ruínas incas próximas a Cuzco.

Diferente de como foi no dia anterior, chegamos à agência de turismo com tempo de sobra e esperamos um pouco até a chegada da van. Fomos os primeiros a entrar, o que nos permitiu escolher os melhores lugares. Além disto, ganhamos um giro pela cidade, já que o motorista precisou pegar outros turistas espalhados nos mais diversos hotéis.

A nossa grande surpresa foi que, em um das primeiras paradas, subiu um rosto conhecido de todos nós. Não era ninguém menos do que Maria, a Tia Qéchua, que entrou e sentou em um dos primeiros bancos. Ficamos nos perguntado se ela realmente seria novamente a nossa guia, ou se somente pegaria um carona até algum lugar. Quando o grupo do passeio estava praticamente completo, Maria pegou o microfone e anunciou que nos acompanharia durante o passeio. Para a nossa grande felicidade.

O city tour começou em alguns pontos turísticos de Cuzco. O primeiro foi um recém conhecido meu, a catedral da cidade. Pensei em não entrar com o grupo e ficar esperando do lado de fora, pois já havia conhecido de manhã e agora a sua entrada era paga (muito caro por sinal). Contudo, fiquei sem graça de não acompanhá-los e me baseei no fato de que teria a explicação da guia para não me culpar pelo dinheiro mal gasto.

Maria nos contou muitas histórias do lugar, conhecemos uma cripta que fica no subterrâneo da Catedral, mas, fora isto, sem novidades para mim. Principalmente porque eles não deixavam tirar fotos. Medo de duplicação de objetos históricos e raros? Nada disto, na saída havia um vendedor oferecendo fotos de todos os ângulos dos seus mais diversos ambientes. Era apenas uma ‘reserva de mercado’ para o fotógrafo peruano.

De lá fomos até Qorikancha, o mais importante templo Inca já construído. Qorikancha era dedicado ao Deus Sol, patriarca da civilização Inca. Quando os espanhóis chegaram em Cuzco, Qorikancha era extremamente impressionante. O chão, as paredes e as estátuas eram todas cobertas com barras de ouro sólidas. Os espanhóis destruíram o templo no século XVII e usou a fundação Inca para a construção da Igreja de Santo Domingo. De lá para cá, vários terremotos atingiram a região danificando a construção espanhola, mas deixando intacta toda a parte feita pelos Incas.

Hoje, Qorikancha é um convento e só uma parte é aberto à visitação. É muito interessante acompanhar as histórias e ver as construções incas que lá estão expostas. Há também um jardim muito bonito do lado de fora, mas que só podemos visualizar de longe.

Seguimos então para fora da cidade. A primeira parada foi Saqsaywaman, a segunda ruína Inca mais importante depois de Machu Picchu. Fica no alto de uma montanha, a 400 metros acima de Cuzco. Hoje Saqsaywaman se resume a gigantescos muros construídos em diversos níveis. A construção Inca, mais uma vez, é surpreendente, com a sua técnica de polimento e encaixe perfeito das grandes rochas. É em Saqsaywaman que, em todo dia 24 de junho, é comemorado o Inti Raymi (solstício de inverno), em uma cerimônia de encenação da cultura Inca.

Quando planejei a viagem, quebrei a cabeça procurando achar um jeito de poder estar em Cuzco no dia 24 e acompanhar a festa. Contudo, não houve jeito e tivemos que nos contentar em ver alguns operários montando as arquibancadas para a cerimônia, seis dias antes.

A partir de Saqsaywaman, visitamos outras várias ruínas. Achei que foi cansativo realizar tantas visitas em uma só tarde. O tempo provou que eu estava certo, já que a noite foi chegando e Tia Qéchua aumentou a rapidez das nossas paradas, em cada local. No final, mal descíamos da van e já tínhamos que subir novamente.

Os destaques principais das ruínas por onde passamos foi, na minha opinião, Q´enqo, onde numa passagem subterrânea vimos de perto uma mesa de pedra usada em sacrifícios, além de um outro lugar (não me lembro o nome) onde havia uma fonte que, segundo a lenda, quem bebesse a água de uma tal forma manteria a beleza, ou coisa parecida. Acho que funciona, porque eu bebi e ainda estou jovem (rs).

Já à noite, a última parada foi em uma fábrica de jóias e tecelagem de roupas de pêlo de llamas e alpacas. Lá também funciona uma loja, mas passamos longe dos preços apimentados, que estavam à espera de um rico turista europeu. Foi lá também que Tia Qéchua, após dois dias nos acompanhando, puxou papo com a gente. Conversamos durante uns cinco minutos.

Voltei a Cusco cansado, mas certo de que valeu a pena. Estava feliz, tanto que fomos a uma pizzaria para comemorar o dia. Na manhã seguinte partiríamos para Machu Picchu, o ponto alto da jornada. Pedimos a pizza mais completa do cardápio e comemos em abundância. No final, quando pagamos a conta, quase matamos a mulher do caixa do coração ao dar uma moeda de 20 centavos de bolivianos ao invés de 20 centavos de soles. Gente esquisita. Já no hotel comecei a notar que a pizza não me faria bem e os piores efeitos ainda estavam por vir.

Mapa do Caminho - Dia 15

Data: 18/06/2007
Cidade: Cuzco, Peru
Passeio: City Tour

* Obs.: O post atrasou para ser publicado devido aos constantes problemas nos serviços da NET/Goiânia

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