quinta-feira, junho 25, 2009

Por que eu não vi o Coliseu?

Depois de uma noite mal dormida eu já sabia que teria que sacrificar algum dos meus planos. Chegaria em torno de uma da tarde em Roma e poderia me mandar para a Toscana apenas no final da tarde. Passaria algumas horas na cidade, tempo suficiente para conferir o seu maior monumento, o Coliseu. Pelo menos este era o meu plano principal.

A viagem entre Lisboa e Roma foi torturante. Desde a decolagem eu só pensava em chegar à capital italiana e não ter que embarcar em mais nenhum avião. Do alto eu vi a linda Sardenha, com suas praias maravilhosas. Senti um alívio gigantesco quando um dos comissários anunciou o pouso.

Demorou para mim pegar as malas. Aliás, o sistema de entrega de bagagens do Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci deixa um pouco a desejar. Estava receoso em relação ao meu italiano e já sentia um pequeno medo por estar, pela primeira vez, sozinho em um país que não fala a minha língua.

Logo fui descobrir que meu italiano estava bom. Pouco antes do desembarque fui parado por um policial que me fez as perguntas básicas. Deu uma boa olhada para as minhas malas, mas não as abriu. Me virei bem.

Na saída mais uma prova de que podia ficar um tanto quanto sossegado em relação ao novo idioma. Um motorista de táxi veio me oferecer uma corrida e eu, logo após negar, já emendei: “Dovè la stazione? (Onde é a estação)”. E não é que ele me explicou direitinho, tanto que nem errei o caminho? Comprei uma passagem para o Leonardo Express (que liga o aeroporto a Roma Termini, principal estação da cidade), e embarquei.

Neste momento eu percebi que logo teria um fardo a carregar, literalmente. Levar mais de 30 quilos de bagagem não é brincadeira. Fui descobrir isto na pior hora possível. Não havia outro remédio.

Além da mochila que levava nas costas (com 15 quilos), carregava mais uma mala (14 quilos) e uma mochila (7 quilos) nas mãos. Com o tempo as alças da mala foram ferindo os meus dedos e meus músculos começaram a doer. Imaginem a cena: eu, em Roma Termini, não conseguindo carregar a minha bagagem.

A vontade era largar tudo em um canto e ir embora. Como não era possível, e eu muito apegado às minhas coisas, continuei a carregá-las. Foi inevitável. Quem passou do meu lado, sem dúvida, teve um pouco de dó. Eu carregava as malas durante uns 30 segundos e parava para descansar. Não conseguia ir além. Na somatória dos problemas eu não sabia onde tinha que ir para comprar a passagem de trem e a estação era enorme. Me perguntei mais de uma vez: “o que estou fazendo aqui?!”

Nesta hora já sabia que minha visita ao Coliseu (há alguns quarteirões dali) era inviável. Mesmo se deixasse a bagagem no guarda-volumes, estava esgotado fisicamente. Resolvi economizar alguns euros (oito só para deixar as malas lá na estação), esperar o trem e me mandar para a Toscana. Aliás, da onde eu iria ficar até Roma eram apenas 15 euros, e eu poderia voltar em uma outra oportunidade, com mais calma. Assim deixei a capital italiana, rumo ao norte do país.

Um comentário:

Lian Tai disse...

Eeeeeeehhhhhh!!! Que legal acompanhar seu diário de viagem!!!

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