sábado, março 06, 2010

Em busca do palhaço

Era noite. Já se passavam das 11 horas quando chegamos ao aeroporto. Estava frio, como de costume, mas nada comparado ao que eu havia me deparado, e sofrido, dois dias antes. Mesmo porque dentro do prédio a temperatura se mantém. O problema era fora.

O embarque só seria às quatro da manhã, o que nos daria tempo. Muito tempo, para falar a verdade. Melhor chegar cedo do que tarde. Ainda mais quando o vôo é internacional e o embarque é em Londres, onde as pessoas são todas muito psicas com segurança.

Naquela hora o problema principal era comida. Ou melhor, a falta dela. Pasmem todos, mas o maior aeroporto da Inglaterra tem apenas uma lanchonete que funciona 24 horas. Aliás, este tipo de comércio não é forte na Europa. Em Londres ainda se pode achar alguns estabelecimentos abertos durante a noite toda. Já na Itália é raríssimo.

Queríamos comer bem (em quantidade, dentro do possível), com o menor gasto de libras. Resposta certa: fast-food. Onde? Eis o problema. Topei o desafio de ir encontrar um Burger King ou um Mc Donald's em um dos cinco terminais de Heathrow.

Para me auxiliar, levei o meu inseparável celular. Novo celular, é verdade, que comprei aqui, com tecnologia 3G, quando percebi que o meu velho companheiro de batalhas não funcionaria mais com estes novos chips. Entrei na internet e busquei a localização de um BK. Me informaram terminal 3. Lá fui eu.

Depois de muito, muito e muito caminhar pelas passagens subterrâneas, elevadores e escadas rolantes, para cima, e para baixo, chego no destino e percebo que tudo, absolutamente tudo, estava fechado. Parecia um front de guerra depois de uma batalha. Isto porque havia muitos corpos espalhados pelo chão. Pessoas que dormiam, esperando pelo chamado, que deveria ocorrer nas primeiras horas da próxima manhã.

Procurei novamente no celular. Descobri que dentro de Heathrow não há fast-foods. Pelo menos é o que informa o site oficial do aeroporto. O que fazer? Como não conseguia realizar uma busca eficiente no site do BK, optei pelo o do Mc Donald's. Descobri um 24 horas logo ali fora, há pouco mais de um quilômetro. Era a nossa única chance.

A região era completamente desconhecida por mim e, nesta hora, já se passava da meia-noite. A única coisa que sabia é que estava em um emaranhado de tuneis e caminhos que levavam por lugares desconhecidos. Tudo ali era gigante e longe. Sair de lá já seria uma maratona. Mesmo assim topei o desafio de ir tentar buscar este lanche, DEUS sabe onde.

Decidi dividir o meu problema em etapas. A primeira era sair do aeroporto e chegar na avenida indicada no meu celular. Para isto precisaria de um ônibus. Fui seguindo as placas até o Central Bus Station, na esperança de pegar algum transporte 24 horas.

Nesta área, porém, Londres é muito bom. Havia vários ônibus por ali, que funcinavam a noite toda. O problema era só achar o certo. Antes de conseguir procurar na internet, eis que para um bem na minha frente. Vi o número da linha, pensei um pouco e entrei. "Ah, o máximo que pode me acontecer é ter que descer, atravessar a rua e pegar ele voltando", raciocinei.

Mas, por sorte do destino, ou proteção divina, não é que ele foi exatamente para onde precisava? E ainda bem que não decidi ir a pé. Não sou louco. Em grandes aeroportos, sair do complexo já é uma grande viagem.

Desci dois pontos depois, logo depois que vi o grande 'M' amarelo. Corri logo em sua direção, em meio ao frio de aproximadamente zero graus, mas logo percebi que estava fechado. Antes do desespero, notei uma faixa que indicava '24 hours drive-throu'. "Ah, vão me atender, nem que tenha que entrar na fila junto com os carros", decidi.

Por sorte não precisei fazer isto. Logo ao lado havia uma janela com atendimento 'walk up', ou seja, para pobres sem carros, como eu. Alegre por conseguir chegar sem erros, passei logo a pensar na segunda etapa: como levar três lanches completos com apenas duas mãos?

O problema maior eram as bebidas. Pedi então uma sacola adicional. O rapaz que atendia não entedeu bem, e ensacou duas vezes o lanche, me dando um suporte para levar os copos. Não conseguiria levar naquele suporte, então, logo que saí, parei em uma mesa externa para colocar os copos dentro da sacola extra.

Ventava muito no momento, e a sacola voou. Sai desesperado atrás da minha única esperança de conseguir carregar tudo. Consegui. Com três sacolas lotadas em mãos fui para a terceira etapa, a volta.

Atravessei a via expressa em meio a muito frio e logo vi o ponto de ônibus. Enquanto analizava o intinerário dos ônibus, eis que o meu passa rápido e nem para. Parar pra que, só tinha eu no ponto? O jeito é esperar o próximo.

Podia pegar várias linhas, mas havia algumas que não podia nem pensar em entrar. Esperei, um, dois, cinco, oito, dez minutos sem nenhum sinal de nada. O frio já penetrava nos meus braços, pernas e rosto. O calor dos hamburguers subia do saquinho e dava um alentos às mãos.

Eis que vejo um ônibus vindo. "Vou ficar atento ao número", pensei. Quando consegui identificá-lo, fiquei na dúvida. Em situações como esta a dúvida é imperdoável. Era um dos meus, mas passou que nem um foguete. Em seguida, vi um outro vindo. Cansado de ficar lá naquele lugar congelante, não pensei duas vezes. Dei o sinal mesmo sem saber. Pensei que não ia parar também, mas o motorista foi gente fina e, mesmo passando do ponto, parou lá na frente. Corri e entrei.

Por sorte, ou proteção divina novamente, ele votaria ao aeroporto. Em poucos minutos estava de volta aos corredores, e escadas. Cheguei vitorioso de volta ao saguão, pouco mais de uma da manhã.

Depois do lanche (Finalmente!!!!!) conversamos e fizemos piadas sobre um indiano (ou coisa parecida) que limpava o terminal a bordo de um carrinho e, ele, pensava estar na Formula 1. Por várias vezes, quase me atropelou.

As quatro e pouco o check-in abriu e despachamos as malas. Destino? São Paulo, Brasil. Fomos até o portão de embarque onde nos despedimos do nosso amigo Marcio. E lá foi ele passar as suas férias no país tropical. Já eu e Eric, demos as costas, fomos até a bus station e iniciamos a viagem de volta para a casa.

3 comentários:

Maria Cristina disse...

Nooossa, que animação!!!! Jézuis amado!!! Vc devia ter embarcado tb, hunf... bjoss

Lian Tai disse...

Amigo que é amigo vai do meio da madruga buscar lanche no frio londrino! ;)

Lian Tai disse...

Dois motivos pelos quais eu odeio seu blog: 1) No início ele fica todo escuro e tenho que esperar até a cor se normalizar e ele se tornar legível; 2) Não sei como faço para segui-lo. ;P

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