sábado, novembro 21, 2009

Bruxelas e o Tintin Tour

Já havia feito todo o roteiro. Sairia de Roma, passaria por Venezia, Barcelona e voltaria a Roma no dia 30 de setembro. Passaram-se mais alguns dias e eis que a Ryanair resolve fazer outra boa promoção. Dou aquela olhada sem compromisso e acho para este mesmo dia um vôo Barcelona (Girona)-Bruxelas (Charleroi) por um euro. Me animei.

Por que ir até a Bélgica, pequeno país ao norte da França que fala três línguas (francês, neoladês e alemão) totalmente estranhas para mim, e que não é incluso no mapa turístico europeu? O motivo eu tinha, era só encontrar uma passagem de volta. Hummm..... Não tinha Charleroi-Roma, mas achei Charleroi-Torino (Turim), para o dia 3, exatamente quando eu precisava. Não pensei duas vezes e dois euros mais pobre havia incluído Bruxelas no meu roteiro.

Ah sim, o motivo. Fácil, Bruxelas é a terra de Tintin, personagem criado pelo cartunista belga Hergè. Tintin é conhecido no Brasil, principalmente, pela série animada produzida no início dos anos 90 e que foi veículada principalmente pela TV Cultura nesta década. O personagem-herói, porém, deu suas caras muito antes, em diversas publicações de histórias em quadrinhos, hoje com versões brasileiras pela Editora Companhia das Letras e disponíveis nas melhores livrarias.

Georges Prosper Remi, ou apenas Hergè (pseudônimo que se origina do som das letras iniciais do seu sobrenome e nome, R e G, nesta ordem), começou sua carreira no Petit Vingtième, suplemento infantil do quotidiano católico Le Vingtième Siècle. São nas suas páginas que nasce em 1929, Tintin, o repórter aventureiro que protagoniza 24 histórias até 1983, ano da morte de Hergè.

No início as histórias de Tintin eram muito ingênuas, com uma visão eurocentrista e, de certa forma, racista. As primeiras aventuras do herói, como Tintin no País dos Sovietes, Tintin no Congo e Tintin na América retratam bem a falta de visão das verdadeiras demandas sociais do mundo. Graças a sua amizade com Chang Chong-jen, um jovem chinês que estudava escultura na Bégilca, Hergè conseguiu visualizar seus erros e passou a escrever histórias de denúncias sociais, como O Lotus Azul e A Ilha Negra.

Um de seus grandes trabalhos foi sem dúvida Tintin no Tibet, que conta a perseverança e o valor da amizade por parte do herói, que desafia a maior cadeia de montanhas do mundo, e todos os alertas das pessoas à sua volta, atrás de seu amigo Chang(o amigo chinês de Hergè também era personagem), que havia sofrido um acidente de avião. Na época Hergè teve uma grande desilusão e a obra foi uma forma de reafirmar o seu verdadeiro sentimento em relação a amizade.

Cresci assistindo Tintin e até hoje brinco que ele é minha inspiração jornalística. O que não é brincadeira é a minha fascinação por todas as suas aventuras e a sua facilidade de entrar sempre em confusões e conseguir sair mais forte de cada situação. Tintin é um misto de aventura e mistério, que ultrapassa às suas histórias e chega a criar questões sobre o próprio personagem.

Enfim, depois desta grande introdução, vamos aos fatos da minha viagem. Inversamente a Barcelona, para mim Bruxelas seria uma cidade calma, bonita e acolchegante. Errei feio. O frio faz a capital da Bélgica ficar pouco atraente. Não falo apenas da temperatura, mas dos costumes do povo belga. É possível entrar em um metrô cheio e não ouvir uma voz sequer? Em Bruxelas é.

Não sabia muito sobre Bruxelas, e fui descobrindo conforme andava pela cidade. O lugar mais bonito é sem dúvida a Grand Place, praça medieval que sedia a prefeitura e o palácio real. Mas se não fosse pelo meu Tintin Tour sairia realmente desapontado da cidade. Procurei pela internet tudo relacionado ao personagem e pus os pés na estrada.

Os dois melhores pontos é, sem dúvida, o Museu de História em Quadrinhos e o Museu Hergè. Este último não fica em Bruxelas, mas em Louvain-La-Neuve e é necessário pegar um trem. Com o meu fracês 'perfeito', cheguei até o atendente e falei "Bonjour", seguido de insistentes apontadas para o panfleto que dizia o nome da cidade. Ele entendeu.

O museu é relativamente grande e vale a pena reservar uma tarde para vê-lo mais atentamente. Como não havia NENHUMA placa de 'proibido fazer fotos' pus a câmera para funcionar. Não tinha muita gente no museu e como ninguém fazia fotos, comecei a ficar meio constrangido. Só tirava quando não tinha ninguém vendo. Já que não tive problemas, liguei o 'deixa disto' e passei a ser menos discreto.

Quando percebi, um segurança (pequeno, a vontade foi de sair no braço, rsrs) me informou que era proibido tirar fotos. Dei um ok, e continuei vendo o que via. Ele se voltou novamente a mim e pediu para apagar a foto que tinha feito. Apaguei e continuei a visita. Foi quando ele me pediu para apagar TODAS as fotos que havia feito (foi nesta hora que quase avancei). Com muito mal humor fui apagando, uma por uma, pensando em um jeito de burlar aquele cara. Como não me veio nada em mente, acabei perdendo as fotos. Se tivesse parado na parte que estava tirando discretamente ficaria com algumas, pelo menos. É, quem tudo quer nada tem. Menos mal: no museu de história em quadrinhos havia muita coisa legal e fiz várias fotos lá.

Problemas à parte, a visita no museu Hergè é uma verdadeira viagem à vida do cartunista. Dá para perceber toda a importância que os belgas dão ao seu mais importante herói. E em dúvida é um belo passeio para quem conhece, e não conhece, Tintin.

No dia 3, peguei o avião direto a Torino, com a intenção de alugar um carro e descer até Roma. Masssss.... Isto é assunto para um próximo post.

4 comentários:

Erika disse...

Caraca, hoje q vc está escrevendo sobre essa viagem? Realmente ainda tenho tempo para escrever sobre a Praia do Forte...rs. Enfim, não sabia dessa história do pequeno segurança. Tem gente q não tem medo do perigo. É igual aqueles cachorros pequenininhos que tentam se meter com os grandões. Se eu fosse vc tinha avançado!..kkk. Beijos!

Lian Tai disse...

E quando você desembarca no Brasil? ;)

Anônimo disse...

Pois é, Eduardo. Sou também um Tintinmaníaco como você, mas ainda não deu pra visitar o museu que inaugurou há poucos anos. Legal aquela foto sua perto do foguetão, como chamam os amigos portugueses. Tenho toda a coleção de álbuns do tintin editados pela editora portuguesa Verbo e mais todos os álbuns de Joana, João e o macaco Simão e todos de As aventuras de Quime Filipe. É tudo Hergé. No museu Hergé você não viu uma lojinha pra adquirir uns produtos, não ? Hehehe ! Tenho até hoje um relógio de pulso comprado na loja do Tintin de Toulouse, França. Cara, pra mim vale mais que um Rolex. Coisa de Fã.

Anônimo disse...

Desculpe aí, Eduardo. Meu nome é Gérson.
Sou de Chapecó-SC
gtzanusso@terra.com.br
Se quiser trocar uma ideia, meu chapa. Taí.

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