sexta-feira, janeiro 28, 2011

Jornalistas devem ter "privilégios"?

A meia-entrada para jornalistas pode virar lei em Pernambuco. Segundo notícia do blog do Josias de Souza, o governador Eduardo Campos (PSB) mandou uma mensagem para a Assembléia Legislativa do Estado para que o desconto em eventos culturais vire lei estadual.

O que me chamou a atenção foi a revolta do titular do blog com o que chama de "privilégio". Para mim foi uma opinião, digamos, politicamente correta demais.

Calma!! Antes de me condenarem, leiam, por favor, os meus argumentos.

Ele tem toda razão em condenar o absurdo do sindicato local em querer cobrar que o desconto seja apenas para os filiados e, além disto, exigir deste que esteja em dia com a instituição.

Mas, ora, criticar o desconto, que poderia dar acesso facilitado ao conhecimento e cultura para o profissional de comunicação, isto eu achei exagerado. Aliás, acho que políticas como estas deveriam ser adotadas como bandeira pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Lembro, por exemplo, que na França jornalistas não pagam para entrar em museus. Até mesmo nos clássicos, como o Louvre e o Palácio de Versailles, o profissional entra de graça (e sem fila) apenas com a apresentação de uma carteira internacional que prove o desempenho da profissão.

Na Itália, até pouco tempo, a Ordem dos Jornalistas tinha um convênio com a empresa ferroviária Ferrovie dello Stato (que praticamente monopoliza o serviço no país), onde os jornalistas tinham um bom desconto para viajar entre qualquer localidade.

No Brasil, os responsáveis pela informação não possuem nenhum incentivo para melhorar a sua formação.

O jornalista brasileiro não precisa de incentivos apenas para ter acesso a cultura, mas principalmente para continuar na profissão. Hoje, a situação do jornalismo é de penúria. Na maior parte do país o piso da categoria (que muitas vezes se transforma em teto) não ultrapassa R$ 1.500,00.

Em Goiás, meu Estado, o valor mínimo bruto é R$ 1.362,00. Poucos jornalistas ganham mais do que isto. Quando ocorre, o valor adicional não passa de R$300,00 ou R$400,00.

Questiono: Será que este valor é suficiente para que os responsáveis pelas notícias e opiniões, que entram todos os dias na casa de praticamente todos os brasileiros, tenham uma vida tranquila e sustente a si e a sua família? E como este profissional ainda terá condições de buscar melhorar a sua formação?

Talvez não deveria mesmo haver o chamado "privilégio", já que os jornalistas precisam ser "independentes". Diante da nossa situação profissional, porém, acredito que estes benefícios poderiam ser, pelo menos, discutidos. Não condenados.

4 comentários:

Paullo Di Castro disse...

Bons argumentos amigo! Realmente a mesquinharia que vive o jornalista mereceria alguns benefícios que o façam crescer no ofício, sem barganhas aleatórias.

Erika Lettry disse...

Eu queria assinar embaixo, mas o comentário fica em cima"...hehee. Concordo com vc!

Maria Cristina disse...

É, fiquei procurando onde comentar tb kkk e assino em cima rs Não é atoa que na Europa já exista um reconhecimento nesse sentido. Pelo visto aqui vai demorar ter esse tipo de consciência. Num país em que qualquer um se acha jornalista, é isso aí.. bjos

Renato disse...

É perigoso quererem cobrar o dobro dos jornalistas aqui em Goiás.... hhehe

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