segunda-feira, fevereiro 21, 2011

O Tirano do Futebol

A Revolução Francesa, iniciada em 1789 (com a queda da prisão Bastilha, marco do movimento), deflagrou um processo que durou décadas, mas que acabou gradativamente com o absolutismo monarca na Europa e no mundo.

No Brasil, o período que vai de 1822 (independência) até 1889 (república), marca a época de decisões soberanas por parte de uma só pessoa. Este tempo, porém, não acabou, pelo menos no futebol.

O esporte mais popular dos brasileiros é reinado desde 1989 por um rei absoluto, que impõe as suas mais esdrúxulas vontades. Às suas decisões quase não há questionamentos, a não ser de um ou outro jornalista desobediente que ousa, de vez enquando, denunciar as suas artimanhas.

O bloqueio a ele foi furado uma vez, quando no final da década passada as suas relações com empresas e a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foram investigadas pela CPI CBF-Nike, criada e tocada pelo Congresso Federal.

Talvez a proteção que o maior meio de comunicação do país concede a ele (leia-se aos seus próprios interesses comerciais com a CBF), tenha o ajudado um pouquinho a se safar de um destino que, segundo a investigação parlamentar, era certo e inevitável.

Hoje ele reina mais do que nunca. Todas as decisões do futebol brasileiro passam por suas mãos. Não importa se o que decide tem, ou não, base técnica. Tomou uma decisão, está tomada - respeite-a.

Isto vale desde o novo técnico da seleção brasileira, até mesmo a decisão de qual clube foi campeão brasileiro em um determinado ano. Não há discussões na CBF, e sim uma relação de obediência e vassalagem. O futebol brasileiro, talvez a nossa maior expressão cultural e certamente um dos nossos maiores produtos, está nas mãos de uma só pessoa.

Como vários indivíduos de bem no Brasil, este blog comunica que não respeita as decisões da Vossa Majestade do futebol. Principalmente em relação a aqueles reconhecimentos de títulos nacionais pré-1971, fato consumado apenas para atender a interesses políticos. Para este espaço, o que continua valendo é o bom senso.

Obs.: Vale lembrar que este blog respeita os clubes que conquistaram a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, mas não considera que tais campeonatos possam ser igualados ao atual Campeonato Brasileiro.

Obs2.: Já sobre a questão do título de 1987, este blog concordaria com a decisão de dividí-lo entre Flamengo e Sport Recife se fosse tomada naquele ano ou, nos dias atuais, se estudada friamente por um corpo de técnicos. A demora da resolução de um assunto de 24 anos atrás e, sobretudo, a natureza essencialmente POLÍTICA da mudança de postura do soberano do futebol tornam a decisão questionável e condenável.

Obs3.: A Obs2 foi modificada após a divulgação do post devido a interpretações errôneas advindas do texto original.
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